Rezam as Crónicas ter sido o Mosteiro da Costa fundado, cerca de 1154, pela Rainha D. Mafalda, mulher de D. Afonso Henrique e, entregue aos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho que nele se mantiveram até 1528, ano em que se passou para a ordem de S. Jerónimo por posse que lhe foi dada na pessoa de Frei António de Lisboa.

Para ele veio então Fr. Diogo de Murça que era Prior, desde 1533, do Mosteiro de Penhalonga, formando-se na Costa “Huma pequena Universidade”, em que se passou a ministrar Latim, Grego e Hebraico, línguas estas em que mestre Fr. Heitor Pinto, educado neste convento.

Foi professor de Teologia Pedro Margalho, considerado “doutor Theologue” e ensinou Filosofia António Caiado, tendo também aqui estado Marcos Romeu, ou Romero, que fora mandado vir de Paris.

Nele estudaram os infantes D. Duarte, filho bastardo de D. João III e D. António, o célebre Prior do Crato, filho do infante D. Luís e ambos representados, com Fr. Jorge de Belém, também Mestre de Teologia, num azulejo, agora bastante danificado, existente na majestosa varanda de Fr. Jerónimo.

Numa carta de 8 de Novembro de 1542, fazia, D. Diogo de Murça referência ao infante D. Duarte dizendo que ele estava a verter para latim uma crónica que Alfredo Pimenta conjeturou tratar-se da tradução da Primeira Parte das Crónicas do Rei de Portugal, de Duarte Nunes de Leão. Porém, estudos mais recentes vieram revelar ter o príncipe, D. Duarte pretendido escrever em latim a Vida dos Reis de Portugal de que, por ter falecido jovem, apenas concluíra a de D. Afonso Henriques, cujo manuscrito se guarda na Biblioteca Vaticana.

Foi esta uma época em que, como escreveu Alfredo Pimenta, “Guimarães era um foco poderoso de erudição teológica, filosófica e humanística, alimentado pelo Colégio da Costa”

Decorreram os anos, passaram séculos e, depois deste longo período, de novo a Costa volta a interessar os estudiosos em face dos elementos arquitetónicos que foram recentemente descobertos e demonstram ter ali existido um outro edifício de características pré-românicas, construído, talvez, já no tempo de Mumadona, cujo estudo está a ser efetuado pelo Dr. Manuel Luís Real, aguardando-se, com vivo interesse, as suas conclusões.

   By  Manuel Alves de Oliveira  in Boletim da Juni  n.º1, Outubro 1980